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Bárbara, forte como os bárbaros têm que ser

No dicionário, o termo desalentado significa aquele que se mostra sem ânimo, sem vontade de agir, desanimado, desencorajado, desesperançado. Mas esse termo, atualmente, está sendo usado tecnicamente, pelo IBGE, para designar as pessoas que desistiram de procurar emprego formal e com registro em Carteira Profissional de Trabalho. 

O motivo desse abandono, na procura por vaga no mercado de trabalho, vem das repetidas vezes em que são preteridos pelos empregadores. Entres as razões usadas como justificativa para negar a contratação estão: o candidato é jovem demais ou porque é idoso. Por ser muito qualificado, ou sem qualificação, com experiência ou sem experiência. E assim, os trabalhadores em potencial, abandonam a estafante procura por um trabalho considerado de mais estabilidade e segurança.
 
Enfim, a verdade é que está cada vez mais difícil ser admitido num trabalho formal, e a dita população desalentada continua crescendo. Mesmo com estudo, curso de qualificação eles não conseguem emprego. Foi em busca de fontes para uma pauta, sobre esse assunto, feita no ano passado para a faculdade, que conversei com Bárbara Cardoso Dietrich.
 
Embora a entrevista com essa fonte não tenha sido publicada, eu não perdi o contato com ela. O motivo da divulgação hoje, quase um ano depois, é para que sirva de motivação e exemplo. Não há tempo para recomeçar quando existe perseverança, seja ela por desejo próprio ou por necessidade. 
 
Assim foi o caso de Bárbara, que trabalha porque precisa, como tantos outros. Tem capacidade e talento.  Porém, a superação, ainda em crescimento, talvez esteja no fato dela não ter procurado trabalho que lhe desse status e sim que pagasse o seu sustento.

Em busca disso, recomeçou, mesmo com curso superior de Propaganda e Publicidade, a fazer serviço secundário, como quem faz papel de figurante, na organização de uma grande feira de exposição que acontece anualmente em Joinville. Orgulhosa, conta que há três anos seguidos continua sendo chamada, com contrato temporário, mas sempre para uma função melhor do que a do ano anterior.
 
Sim, ela é uma desalentada, dentro dos critérios estabelecidos pelas estatísticas, mas não desalentou. Não, porque não quis, mas porque não podia. Precisa sobreviver, precisa ganhar dinheiro. E foi nas pequenas oportunidades de atividades oferecidas pela amiga da sua mãe, pelo amigo do amigo, pelo conhecido da prima, ou da tia, ou da vizinha, que ela que está vendo o seu mundo crescer.
 
Atualmente, é sócia da Alecrim Low Carb – Instagram @alecrimlowcarb. Neste caso, o sucesso não é só nas vendas, mas nos 15kg que emagreceu com essa alimentação. Ela também organiza festas de formaturas, de aniversário, cria artes, faz orçamentos, e vê em tudo que surge uma possibilidade de ganho.
 
No último dia 18 a publicitária completou 37 anos. Fui convidada para a festa e lembrei dessa história. Para si mesma, Bárbara decorou a mesa, criou enfeites e escolheu o menu. O tema abacaxi pegou fama e já é moda. Mas, tem um significado. Em Paraty – RJ, por exemplo, representa a abundância do período colonial. Os abacaxis, nos detalhes das janelas das casas, significa que ali morava um nobre. O amarelo representa o ouro, e a coroa, o reinado  e a prosperidade.
Arte e bom gosto, no detalhe.  O SuperLinda mostra nas fotos abaixo. Bárbara continua a mesma luta diária em busca de um folder para fazer, um evento para organizar, uma arte para criar e por  isso mesmo, é um grande exemplo.

Aparador com taças para espumante em acrílico amarelo com mensagem presa com grampo.
Mesa com toalha branca, platô preto, guardanapos amarelos, arranjo de centro feito com flor de nome gengibre.
Salada de folhas verdes servida como entrada
 
Risoto de limão siciliano servido no abacaxi
Sobremesa de maracujá e torta – lowcarb – de ganache de chocolate, crosta de amêndoa e nata com corante amarelo
Quadro decorativo com a indicação de que não há wi-fi. Um incentivo a conversar entre si.
Taça de espumante com a marcação nominal do convidado.
Arranjo central da flor de gengibre e folhagem verde
Enfeite de abacaxi com mensagem do significado da fruta: “sempre de pé, usando uma coroa e docinha por dentro”.
Mesa com toalhas feitas de recortes de papel amarelo com potinhos de petiscos
 
ENTREVISTA (outubro de 2018) DE BÁRBARA NA ÍNTEGRA
 
“Bárbara Cardoso Dietrich, 36 anos, formada há 14 anos em Publicidade e Propaganda (Ielusc), está desempregada há 1 ano e 3 meses. Enquanto foi estudante, trabalho em empregos fora da área profissional e por necessidade deixou de atuar em estágios não remunerados. Reconhece que a experiência fez falta, mas na época era um “luxo” que não podia ter, mesmo sabendo da importância.
 
O primeiro emprego, ao final da Faculdade, foi o de produtora gráfica e se submeteu em outros cargos para obter experiência. Atuou na organização de eventos empresariais e em 2013 foi contratada por uma grande empresa. Esta foi a primeira vez que se sentiu realizada profissionalmente. Com as duas atividades diz que se “sente muito à vontade para trabalhar em qualquer dessas áreas. O conhecimento de marketing e comunicação me ajudou muito nos eventos”.
 
Com o fim do vínculo empregatício enviou currículo  para algumas empresas. Como resposta uns diziam que “eu não tinha experiência, outros informavam que eu tinha experiência demais”. Na busca por empregos e com tantos “nãos” recebidos, teve como um insight de que deveria fazer algo por si mesma”. 
 
Com disponibilidade de tempo, criatividade e gosto pelo que faz, decidiu por divulgar no seu perfil do Instagram o trabalho de artes personalizadas que cria. “Faço outdoor, folder, o que precisar de criação e arte. Começo a me arriscar em temas de festas infantis criando painéis e convites” diz a publicitária.
 
Sem o compromisso de estar trabalhando para uma empresa, ela usa a sua formação em benefício pessoal e profissional. O retorno econômico não é o mesmo de quando tinha carteira assinada, por enquanto consegue apenas pagas suas contas. Ela confessa que precisa de mais clientes para dizer “eu sobrevivo disso”. Mesmo assim, enxerga nesse mercado o seu futuro. Como uma reflexão, conta que já se sente segura para dizer que se, hoje, fosse chamada para um emprego formal, de carteira assinada, teria que ser muito bem recompensada financeiramente para largar o que conquistou em termos de qualidade de vida.
 
O mercado de trabalho, segundo Bárbara, exige muitos requisitos, qualidades, metas, horário e pagam um salário de 1.500 reais. “Em casa” afirma “trabalho de segunda a segunda, mas faço meu próprio horário. Embora, nem sempre tenha sido assim, hoje ela tem o hábito de se preparar para o dia, como se fosse para um emprego formal: “Fico pronta para sair a qualquer chamado”. Se sente bem com a liberdade de realizar o trabalho estando na praia ou em qualquer lugar. Conquistou uma qualidade de vida, saúde e melhores hábitos alimentares.
 
A divulgação em redes sociais é um nicho de mercado certo, embora muitas pessoas se sintam capazes de fazer sozinhas com filtros e aplicativos. Porém estudar, pesquisar e procurar referências para oferecer ao cliente o que é melhor para a sua necessidade já é reconhecido como a melhor forma de ter retorno tanto para o profissional quanto para o cliente. É por ter esse conhecimento que Bárbara segue em busca do seu aprimoramento e estabilidade profissional”.

 

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