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Campo Grande (MS) – A cidade morena

Descrição da foto para acessibilidade de deficiente visual: Foto em frente ao Monumento Maria Fumaça, um local para selfie com o nome da cidade Campo Grande em letras azuis e e amarela. Apareço usando a camiseta com o nome do blog escrito nas costas.

A origem do nome “Cidade Morena” vem da cor vermelha da terra. Diz a história que Dom Aquino, arcebispo de Cuiabá, viajava pelo interior do Estado transportado em carro de boi, trajando uma batina branca. Quando chegava a Campo Grande, a batina estava marrom. Daí, ele apelidou Campo Grande de Cidade Morena.

Da mesma forma, baseado na natureza, o arcebispo denominou Cuiabá de “Cidade Verde” e Corumbá de “Cidade Branca”, por estar assentada sobre uma formação de calcário.

Porém, Campo Grande, a Cidade Morena, também poderia ser chamada de Cidade Sorriso, Cidade dos Olhos Rasgados, Cidade dos Cabelos Negros e Lisos, Cidade Indígena, Cidade das Árvores, Cidade do Pôr do Sol, entre tantos outros codinomes que naturalmente caracterizam esta capital.

É uma cidade quente que permite caminhar no calor de 30 °C sob o frescor de árvores tombadas como Patrimônio Público. O verde que há por todos os lados faz um lindo contraste com o azul perfeito do céu e com as araras de peito amarelo que gorjeiam, sinalizando seu voo pelas ruas centrais.

É uma cidade que tem uma orla — também chamada de Morena — mesmo sem estar à margem de mar ou rio. Mas tem direito adquirido como senhora das 33 nascentes de água que brotam de sua terra. Quanto aos rios que cortam a cidade, não importa o tamanho: são chamados de córregos. É justamente na confluência dos córregos de nomes poéticos, Prosa e Sossego, que está o marco zero da cidade.

As características únicas de Campo Grande não param por aí. A cidade tem três grandes datas comemorativas:

  • 1872 – data da fundação, pelo mineiro José Antônio Pereira;
  • 26/08/1899 – data da emancipação;
  • 1979 – instalação como capital, conforme a Lei Complementar nº 31, de 11 de outubro de 1977, que criou o Estado de Mato Grosso do Sul.

Quando se trata do nome do Estado, não cometa o pecado de se referir a ele como o Estado do qual se originou. Não tenha preguiça, não resuma, não abrevie: nunca diga apenas “Mato Grosso” — diga Mato Grosso do Sul.

Hoje, ele é considerado um dos quatro melhores estados do país em agronegócio e investimentos. O povo sul-mato-grossense é bairrista e entusiasta de sua terra.

Carlos Iracy, professor e guia turístico do Senac (MS), aponta com orgulho as particularidades da cidade. Conta a história da fundação até a evolução como capital, fala com entusiasmo dos 200 ninhos de arara-canindé existentes na cidade, mostra a rua 14 de Julho — a principal da área central — revitalizada com fiação subterrânea, além dos sinais de inclusão e mobilidade para deficientes instalados nas calçadas e semáforos.

Reconhecidamente, Carlos enfatiza a parte cultural e histórica de Campo Grande. Cita o complexo Armazém Cultural, na antiga estação ferroviária, tombada como patrimônio, onde será criado o Centro de Memória dos Ferroviários.

Descrição da foto para acessibilidade de deficiente visual: Foto na Praça das Araras. Aparecem três esculturas de arara, sendo da esquerda para a direita, duas de cor azul e a última de cor vermelha. Abaixo delas eu estou usando calça comprida vermelha e blusa preta. O dia era de sol com o céu azul

“Os trilhos do trem foram removidos para fora da cidade”, lamenta o guia, embora reconheça a necessidade: “De 1914 até 2000, os trens passavam pelo centro de Campo Grande.”

O monumento Maria Fumaça, de 2018, demonstra a importância que esse meio de transporte teve para o desenvolvimento da região.

Quem passa pelo centro, na rua 14 de Julho, esquina com a 15 de Novembro, enxerga de longe o mural desenhado na parede alta de um prédio. A obra, desenvolvida pelos artistas Gramaloka e Hyper, representa uma índia kadiwéu grávida, com uma arara no ombro e uma espada-de-São-Jorge na mão.

Em uma cidade jovem, qualquer prédio com 70 anos já é considerado uma antiguidade. Parabéns aos sul-mato-grossenses que pensam assim, pois essa é a única forma de preservar a história.

Sob esse aspecto, Carlos mostra a antiga construção onde funcionava a Receita Estadual, anterior à divisão dos estados. “Foi um período de transição, de muitas mudanças, de dificuldades, quando a região passou a ter sua independência territorial e administrativa. Em janeiro de 1978 foi feita a indicação de um interventor, e esse foi o prédio que abrigou o processo.”

Hoje, ainda pertence à administração pública estadual, onde funcionam órgãos da educação e cultura, o Museu de Arqueologia, Museu de Arte e de Som.

Mas como conhecer uma cidade tão antiga e tão nova como capital, tão brasileira e com costumes e hábitos tão orientais, com araras voando por entre os canteiros centrais das avenidas?

Eu fiz este tour com o guia Carlos, que falou sobre a história, a colonização, a transição geopolítica e os lugares turísticos. Além disso, caminhei sozinha pelas ruas, saí com amigos para o espumante e café da tarde e visitei a feira de comidas à noite.

No caso de Campo Grande, ir ao Mercadão e à Feira Central é obrigatório. O resultado foram risadas e descobertas de detalhes que só os moradores conhecem. Não saia de lá sem beber tereré, comer sopa paraguaia, e provar baru, a melhor das castanhas.

A CULTURA JAPONESA EM CAMPO GRANDE

Descrição da foto para acessibilidade de deficientes visuais: Foto do Monumento ao Sobá em homenagem a imigração japonesa em Campo Grande. Um grande prato fundo de massa com molho típico enrolados por hashi – nome dos palitos usados para comer comida japonesa.

Campo Grande tem a terceira maior colônia de imigrantes japoneses do Brasil: cerca de 15 mil descendentes, até a quarta geração, segundo dados oficiais de 2018.

“Dos descendentes que vivem em Campo Grande, 70% são da província de Okinawa. Com isso, o município é um dos únicos do país — e até do mundo — onde ainda se fala o dialeto da ilha, fora do Japão.” (Informação do site Campo Grande News).

A vinda dos japoneses para esta região do Brasil aconteceu em 1909, em um navio pelo rio Paraguai, atraídos pelo trabalho na construção da ferrovia Noroeste, próximo a Corumbá.

Mas o que de fato encantou os imigrantes foi o solo fértil, próprio para a agricultura, onde se adaptaram e decidiram se fixar.

Na bagagem, trouxeram a cultura, os hábitos e a culinária japonesa — tão forte a ponto de transformar-se em um prato típico de Campo Grande: o Sobá.

Com direito a monumento e festa anual na Feira Central, o sobá é preparado com macarrão originário do Japão, feito à base de trigo sarraceno. Acompanha carne picada, tempero verde e ovo cozido, servido em um prato tipo bowl, mergulhado em um caldo preparado com osso de boi e legumes cozidos por cerca de 6 horas.

No Japão, o caldo é feito com ossos de porco, peixe e legumes, e leva de 6 a 9 horas de cozimento. A escolha do tipo de caldo fica a gosto de cada um. Diferente do original, no sobá de Campo Grande acrescenta-se shoyu — uma adaptação ao paladar brasileiro.

Para oficializar a importância desses imigrantes, em 2014, o governador de Okinawa veio do Japão acompanhado de uma delegação de 200 pessoas. Foi inaugurada uma placa comemorativa da chegada dos primeiros japoneses em Campo Grande.

A colônia é forte, representada por um clube próprio, manifestações das tradições e promoção de intercâmbio de estudos e trabalho com o Japão.

AQUÁRIO DO PANTANAL – BIO PARQUE

Descrição da foto para acessibilidade de deficiente visual: Foto em frente ao Bio Parque Pantanal. Construção em forma ovalada com detalhes em gomos na cor vermelha. Eu apareço usando calça comprida marrom e camiseta azul marinho com o nome do blog escrito nas costas.

Depois de muitos problemas enfrentados nos 11 anos desde o início da construção, agora é hora de festejar.

Idealizado como atração turística internacional, o aquário também tem como objetivo a pesquisa científica e a educação ambiental.

É um dos maiores aquários de água doce do país, localizado na capital Campo Grande. Sem dúvida, a maior atração da vida animal pantaneira — o jacaré — está lá, tratado como rei, com todos os cuidados ambientais exigidos.

Com 19 mil m² de área construída, possui 33 tanques, totalizando 5 mil m³ de água.

O nome popular é Aquário do Pantanal – Bio Parque, mas trata-se do Centro de Pesquisa e Readaptação da Ictiofauna Pantaneira.

Projeto do arquiteto Ruy Ohtake, falecido em 2021. O Museu Interativo da Biodiversidade, dentro do mesmo complexo, tem como objetivo divulgar a biodiversidade do Pantanal sul-mato-grossense.

PARQUE DAS NAÇÕES INDÍGENAS

O Parque das Nações Indígenas é um parque urbano “gigante”, como dizem os sul-campo-grandenses, com infraestrutura de lazer e esportes às margens de um lago formado pelas águas da nascente do córrego Prosa.

Uma particularidade do espaço é possuir um parque infantil adaptado para crianças com deficiência.

Além disso, é palco de apresentações culturais, como na Concha Acústica Helena Meirelles, museus e monumentos, com destaque para:

  • Cascata no Parque: A barragem que represa o lago forma cascatas em dois níveis, junto à jardinagem, criando um belo cenário.
  • Monumento ao Cavaleiro Guaicuru: Obra do escultor sul-mato-grossense Anor Mendespor, representa o índio guerreiro da etnia Guaicuru. A escultura tem 7 m de altura e está numa ilha com acesso por ponte de madeira.
  • Monumento ao Índio: Localizado na área central do parque, projeto do arquiteto Roberto Montezuma. É um obelisco em formato de zarabatana em homenagem às culturas indígenas de Mato Grosso do Sul.

PARQUE DOS PODERES

O parque abriga as sedes administrativas dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Mas os habitantes naturais do lugar são os quatis, pacas, tucanos, araras e mutuns, convivendo em perfeita harmonia com a natureza.

Viver entre esses animais faz parte do cotidiano de quem trabalha ou se exercita no parque.

O local possui avenidas ideais para ciclismo, caminhadas e corridas. Repetindo o que dizem os sul-mato-grossenses: “é gigante”. Dirigir ali exige atenção redobrada.

MUSEU LÍDIA BAÍS – MORADA DOS BAÍS

É um dos cartões-postais no centro da capital. Lídia Baís foi uma grande artista, conhecida também pelo temperamento irreverente e inquieto.

Obs.: O local não foi visitado por estar em restauração, mas merece ser citado.

Legenda de foto para acesso de deficientes visuais: #pracegover. Arte de Letícia Rieper.
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