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Como é fazer sexo com um “porn star”? Eu sei.

O título desta matéria é instigante e verdadeiro. À noite, a palestra foi para falar de sexo. A convite de Claudia Petry, proprietária da loja Sussurra, o ator de filme pornô Nego Catra esteve em Joinville para uma palestra sobre sexo. O evento fez parte da “Maratona Sexy Especial Mês dos (E)namorados. Na tarde seguinte, a continuação se deu no mesmo hotel em que o  palestrante estava hospedado. Assim foi o meu encontro com Nego Catra, ator de filme pornô.
 
Insinuações e pensamentos à parte, foi um prazer conhecer esta pessoa. Mas não há como negar: foi uma experiência que eu jamais pensei que poderia acontecer comigo.
 
Na hora marcada, ele me esperava no restaurante, vestido informalmente de bermuda e camiseta, mas com todos os seis anéis nos dedos. O óculos de grau de aros brancos – o mesmo que usara na noite anterior, com tamanho suficiente para cobrir seus olhos, tão pequeninos que se transformam em dois riscos quando ri.
 
Não sei dizer exatamente o que eu esperava, mas o certo é que, para quem se preparou de mil maneiras para “se encontrar” com um ator de filme pornô, me deparo com um homem gentil, educado, e isto me me desarmou. Após as “preliminares” básicas do “como vai”, “tudo bem”, apontou para a cadeira, me convidando para sentar. Perguntou se eu queria almoçar ou tomar alguma coisa. Pedi água.
 
E a melhor pergunta, para quebrar o meu constrangimento, claro, era começar pela mais fácil: como tudo começou? Ele, que já ganhou duas vezes o prêmio de melhor ator de filme pornô no “Oscar brasileiro”, foi também bancário, é produtor musical, é diretor de harmonia de escola de samba, e assim relata a sua trajetória:
 
“Atrás do prédio onde eu trabalhava havia um laboratório de análises clínicas. Ali, conheci o ator Rogê Fonseca, que depois de um certo tempo de amizade, me perguntou se eu queria ser ator. O convite era focado diretamente para esta categoria e me pegou de surpresa. Eu disse: pô…sei lá…”
 
Começo a perceber o quanto ele é bem resolvido com a profissão e consigo mesmo. Fala com naturalidade, deixando muito fácil, para mim, cumprir o que eu mesma havia me proposto. E vai falando sem parar e sem constrangimento: “Fiz teste, passei e assim virei ator pornô. Não foi fácil fazer a primeira cena. Embora elogiada pelo diretor, achei muito ruim”.
 
Dessa forma, com toda curiosidade e fetiche que ronda essa profissão, Catra fala com desenvoltura sobre como é fazer sexo em cena, o desempenho sexual necessário e mercado de trabalho. Ele conta que o teste foi feito sem ajuda de medicamentos, “mas quando comecei a fazer muitas gravações tive que tomar remédio para a ereção. E achando graça de toda a situação ri e diz: “Não tem essa, tem que tomar sim. É muita câmera, muita exposição, muita concentração”.
 
Falando em rir, é o momento de dizer que aos poucos tudo se transformou numa tarde prazerosa. O assunto sexo foi tratado com seriedade, mas, ao mesmo tempo com pitadas de malícia, arrancou sorrisos e brincadeiras. Ao final já estávamos conversando como amigos. Pergunto se quem dá a palestra é o ator pornô ou é o homem? A resposta foi clara e objetiva: “Os dois. Eu sou um só. Apenas isso e eu gosto do que faço. Adoro”.
 
Quis saber se há diferença em fazer sexo com a própria mulher ou namorada e com a profissional de trabalho. “É muito melhor fazer sexo com a mulher de quem você está a fim, do que com a pessoa com quem está trabalhando. Mas o sexo no trabalho também é verdadeiro, é prazeroso, tem o tesão, só que é mais robótico”, define. E, mudando a expressão do rosto, o gestual e o tom da voz ele diz: “agora, com a parceira da vida é completamente diferente, porque sexo não é só penetração. Sexo é o beijo, e a preliminar”.
 
Sobre a carreira, segue comentando que muita coisa mudou desde o início e não foi por acaso. “Eu trabalhei muito para isso”, afirma. Embora nunca tenha pensado que se tornaria um “porn star”, ele faz a sua própria retrospectiva: “desde quando entrei, meu objetivo foi fazer outras coisas. Eu não imaginava que a minha carreira fosse crescer tanto, mas meu intuito sempre foi usar esta linguagem pornô de uma forma positiva”. Ele explica que não queria que as pessoas o vissem apenas como um ator pornô. “Não tenho nada contra, pelo contrário”, sempre rindo diz: “Acho maravilhoso”.
 
Catra ressalta que não é mais tão julgado como quando começou. “Agora desenvolvo o que eu sempre quis, vou em programas de rádio e televisão, dou palestras para homens e para mulheres, faço presença vip, filme fora da categoria pornô e tenho um canal no YouTube o “Vai ser gostoso”. Além disso, ele está estudando orientação sexual para atuar em um projeto social a ser desenvolvido em uma comunidade carente.
 
Mãe e família
 
Chegar nesse assunto era o que eu mais temia. Comecei fazendo uma afirmativa e já me justificando fui antecipando que a pergunta se referia à profissão e não à pessoa. Ser ator pornô é uma profissão mal vista e muito pouco reconhecida, não engrandece ninguém, e você, melhor do que qualquer um, deve saber disso. Como sua mãe o vê?
 
E mais uma vez ele me surpreende e me conquista. Com uma grande gargalhada, talvez a maior delas, confessa que até ir ao programa do Danilo Gentili, ela não sabia de nada. Profissional há 7 anos, durante 5 deles trabalhou no anonimato perante à família. Com a entrevista agendada, viu-se obrigado a contar. Reuniu os parentes e falou que seria entrevistado na televisão e que precisava revelar a eles uma coisa muito séria a respeito da sua profissão. “Todos, sem exceção, disseram que já estavam desconfiados de alguma coisa, mas que se eu não estivesse roubando, matando, nada seria problema”, lembra.
 
Porém, a reação da mãe não foi a mesma. “Minha mãe, com tom de indignação e repreensão, se estendeu no sermão:’mas você também, né, meu filho, pelo amor de Deus! Com essa cara, eu já estava desconfiada, você não me engana, eu já sabia, só precisava ter certeza”. Por fim, Catra comenta que aceitar, eles aceitaram, mas ficaram preocupados “Minha mãe ficava aflita com situações normais, coisas com o que pode acontecer, o futuro. Mas, hoje é bem diferente. Ontem mesmo, depois da palestra, falei com ela, e ela se diz feliz de ver que estou fazendo um trabalho legal, me dando bem”.
 
Vida Pessoal
 
Catra tem 31 anos, já foi casado e a mulher sabia da profissão dele. “Não assistia a meus filmes, mas aceitava bem. Na verdade, eu sou um ator, ia lá trabalhava, voltava para casa e tinha uma vida normal”.
 
Fora do trabalho, diz ser um homem tranquilo, que gosta de sexo como qualquer pessoa. Tem prazer em tratar uma mulher como uma rainha. “Tudo o que faço nos filmes, eu faço com a pessoa com quem estou, só não gosto de sexo anal.  Faço se a mulher quiser, mas não é o que mais gosto”. Ele tem opinião formada sobre o assunto: “esse é um desejo machista de empoderamento que o homem tem como domínio sobre a mulher e penso que o sexo anal é uma coisa muito delicada. A mulher não tem que fazer só para agradar o homem. Agora se gosta, tudo bem”.
 
Pergunto se ele assiste a seus filmes quando está acompanhado de uma mulher e a resposta é “Sim”. “Acho legal. Tem mulheres que gostam e, me ver serve, inclusive, para saber o que devo melhorar em cena”. Nesse momento intervenho e digo que a pergunta não está direcionada ao profissional e sim ao homem, e ele então confessa que isso o deixa excitado.
 
Filmes – profissão – mercado de trabalho
 
Sobre os filmes, conta que nunca fez filme pornô homossexual. Se diz hétero, já foi procurado para fazer programa tanto com homem, como com mulher. “Mas eu sou um ator pornô e não um garoto de programa” diz ele e acrescenta: “Sou um ator como qualquer outro que faz cinema ou televisão, só que o sexo que eu faço é explícito”.
 
O entretenimento adulto mudou muito. Para Catra, o mercado atual está voltado para filmes com mais histórias, onde o ator pornô pode demonstrar que sabe interpretar personagem e mostrar que é um ator completo”. As empresas estão fazendo filmes com roteiro para casais, com enredos próprios para alcançar também o público feminino, segundo ele.
 
Sobre possibilidades futuras, pensa em montar uma produtora e dar mais oportunidades para atores e atrizes negros, que se destaquem, assim como Giovana Bombom, Capoeira, Dom Garcia e outros. “É preciso mudar a ideia vulgar e explorada pela indústria cinematográfica pornô de que homens negros são melhores no sexo do que os brancos, assim como a de que mulheres negras são mais fortes para aguentar maus tratos na cama”.
 
Ele acrescenta que, quando começou a gravar, viu muitas coisas erradas, comportamentais e de cuidados entre os próprios atores. “Tenho muito respeito pelas mulheres e mais ainda em cena”. E com cara de quem “não me engana”, como disse a sua mãe, ele completa meio rindo, meio sério: “Claro, tem que rolar um tesão, rolar uma química, ou a cena não fica boa”. E acrescenta: “mas falta de respeito nunca”.  Faz questão de frisar que deve tudo o que é as mulheres com quem transou. “Se eu sou o Nego Catra que sou, se hoje eu sou um homem menos machista, porque cada dia eu trabalho isso dentro de mim, é por causa dessas mulheres”.
 
Ainda sobre as mudanças que percebe neste meio artístico e profissional, diz que “atualmente as atrizes, que sempre foram menos prestigiadas do que os homens, também não aceitam mais qualquer coisa e eu mesmo só trabalho com produtoras que priorizam o respeito e a saúde sexual. Cita como exemplo as produtoras do Sexy Hot, o primeiro canal com conteúdo adulto da televisão brasileira, veiculado por operadora de TV por assinatura.
 
Revela que recebe assédio de gays, mas que nunca teve problema. Sempre foi respeitado. Mas abre um grande sorriso de satisfação quando fala do grande assédio feminino que também recebe. E se confessa envaidecido com isso: É bom, assim como qualquer um que chega e diz, você é linda”. Agora, quem abriu um grande sorriso, fui eu.
 
Nego Catra palestrou para as mulheres. Eu fui !!!
 
Claudia Petry fez a abertura para apresentar o palestrante Nego Catra, levantou questões sobre sexualidade, prazer, e pornografia. Este era o tema.
 
Numa noite só para as mulheres, trouxe como informação e ilustração o nome de Erika Lust, mulher nascida em Estocolmo em 1977, produtora de cinema adulto independente, pioneira da chamada pornografia feminista e também autora de livros e novelas eróticas.
 
Em rápidas pinceladas, falou sobre “Como a pornografia pode auxiliar na vida sexual de um casal”. A exposição de carícias e sexo pode ensinar a se conhecerem melhor e a se descobrirem. Filmes desse gênero mostram cenas e dão ao casal a chance de comentar sobre posições e toque que lhes agradem. “Possibilita sair da rotina, falar sobre fantasias, masturbação, ser “sacana” e dar todas as voltas necessárias para alcançar o orgasmo” diz Claudia.
 
Ela falou ainda sobre mulheres com baixa libido, com dificuldades de se satisfazerem sexualmente. “Não sendo um problema de saúde hormonal ou fisiológica, é através do estímulo corporal, quando a mente é erotizada, que o corpo responde. Nesse caso os filmes podem ser eficientes no que diz respeito ao estímulo visual”, diz a sexóloga.
 
O assunto – sexo, prazer, estímulo, – foram temas abordados, sem esquecer da importância da Saúde Sexual, preservativos, cuidados e orientação. Foi mostrado como usar brinquedos que aquecem a relação, assim como o Penisfit, um acessório erótico que tem como propósito ajudar os homens a exercitar o membro masculino. Para ver o vídeo click no link.
 
Sem vergonha, com conversa, mesmo por meio de brincadeiras, Catra diz que é muito complicado abordar esse assunto para uma plateia feminina. “Minhas palestras são focadas no assunto sexo, é um homem dizendo para as mulheres, independentemente de eu ser um ator pornô ou não, como elas devem tratar o seu parceiro na cama.”
 
Catra explica que a palestra tem o objetivo de mostrar como mudar o sexo metódico que acontece no dia a dia do casal. Ele critica o homem que não se preocupa com o prazer da mulher, que transa pensando apenas em si. “Tem homem que não sabe transar, pega a mulher, beija de qualquer jeito, faz a penetração e acaba a relação”, explica. E enquanto ele fala eu penso, sem interrompê-lo, qual mulher nunca sentiu isso?
 
Na sequência, dispara o quanto as preliminares masculinas também são necessárias, a troca tem que existir entre os dois: “A intenção é mostrar à mulher o que ela pode e deve fazer para conquistar e segurar o seu parceiro. E ensinar a ele como gosta e quer ser tocada”. Se usar as dicas e técnicas passadas, Catra garante que o parceiro vai ficar com vontade de fazer mais sexo com a parceira.
 
Sobre a palestra para o público masculino, as diferenças são muitas. “Os homens precisam trabalhar o machismo, eles precisam se permitir a troca de carícias, tem que parar e entender que eles não precisam ser nem os sabidões, nem os gostosões”.
 
Elogiou a plateia feminina, reconhece que muitas tiveram que superar o medo, a timidez para estar ali conversando sobre um assunto que ainda gera desconforto e que por isso, às vezes, ela própria não se permite ao prazer. Foi ótimo perceber o quanto muitas delas saíram da sala mais libertas de certos preconceitos”.
 
Quanto ao futuro, diz que já está pensando em aposentadoria como ator pornô e que é nas palestra que ele se sente realizado. Afirma que sempre dá um frio na barriga antes de entrar “nesta cena”, mas a receptividade, o tratamento que as pessoas dispensam a ele, o retorno imediato do contato direto com o público, o calor humano, e falar o que deve ou como dever ser feito o sexo, é compensador. “Ver todos saírem, homens ou mulheres, ao final da palestra, com felicidade estampada nos olhos e mais descontraídos é muito bom”.
 

 

Nego Catra de costas – detalhe para o  trabalho do corte do cabelo
Nego Catra segurando e  falando  sobre o uso de plug anal
Na tela os endereços de contato
Foto aproximada dos três anéis da mão direita

 

Foto aproximada dos três anéis da mão esquerda

 

Claudia Petry, Hilda Borba, Nego Catra e eu após a palestra da noite.

 

Nego Catra e eu durante a entrevista no hotel.

Escrito por Raquel Ramos
Edição: Fernanda de Lourdes Pereira

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