Legenda da foto #PraCegoVer – Card de fundo bege com quatro foto. Da esquerda para direita: eu mostrando o porta-malas do carro com as bagagens, o carro usado na viagem, o mapa do trajeto feito e eu sozinha no pátio do estacionamento do hotel
Geralmente mulheres não fazem longas viagens de carro sozinhas. Se tiverem mais de 60 anos, menos ainda. Mas foi exatamente isso o que eu e três amigas, com idade entre 62 e 71 anos, fizemos. Acho que posso dizer que foi algo do tipo “4×4 na estrada”.
Realizamos o que qualquer mulher tem capacidade de fazer. Do ponto de vista pessoal só é preciso que não tenha ninguém que limite a tua vida e que te diga: é muito perigoso. Ou a tradicional observação: você não tem mais idade para isso.
Durante 10 dias saímos em uma viagem de carro de Joinville – SC até Colônia do Sacramento, no Uruguai. Munidas de GPS, reserva de hotéis, percorremos 3.600 km. Todas capacitadas para dirigir. Porém aos poucos fui percebendo que eu (68) podia ir mais e acabei dirigindo toda a viagem.
Ao retornar o sentimento do quanto sou capaz tomou conta de mim. Mais uma realização de sucesso para a minha autoestima e possibilidade de novos projetos. Receio e cuidado são necessários. Medo, nunca. Eles existem para serem enfrentados e superados.
Mas essa sensação de superação não foi só minha. Das quatro apenas uma delas nunca tinha feito algo parecido. Sentimos a sua insegurança e receios antes da partida. Todos dissipados à medida que os quilômetros iam sendo percorridos. Enquanto outra, já tinha experiências desse tipo em diferentes viagens notadas no comportamento mais destemido e na mala pequena, tipo de bordo, que levava. Um aprendizado a ser seguido.
Onde há uma reunião de duas ou mais pessoas as personalidades vão se destacando. Entre nós havia também aquela que é a mais organizada. Nessa idade usamos celular e computador mas ainda gostamos das anotações em papel e ela voltou com o seu caderno de viagem preenchido com informações.
Graças a isso temos todos os pedágios, abastecimentos com o respectivo valor/litro/km, gastos extras, estacionamentos, quilometragem de saída e chegada nas cidades. É só perguntar e a resposta está exata na ponta do lápis. Para os gastos comuns fizemos uma caixinha que funcionou muito bem e que recomendamos.
Imprevistos podem acontecer, mas o cuidado com algumas regras são fundamentais. Informações sobre o bom estado do veículo, a calibragem dos pneus, seguro pessoal e do carro, documentos e cuidados em manter o tanque cheio foram essenciais para uma viagem tranquila, viver dias incríveis, cercadas de belas paisagens.
Essencial também, em se tratando de mulheres, é um espaço considerável de porta-malas porque as compras são inevitáveis. Paradas regulares, água, frutas frescas, salgadinhos e snacks. Esticar o corpo, movimentar as pernas, café e banheiro fizeram parte da rotina da viagem.
O trecho mais longo foi no primeiro dia. Onze horas para fazer os 868 km de Joinville a Pelotas (RS) com a chegada próximo das 16h como previsto. O pernoite na cidade gaúcha possibilitou uma boa caminhada pelo centro da cidade e comer os famosos e tradicionais doces. Mais tarde, já cansadas jantamos no hotel.
No dia seguinte fomos para Montevidéu, a bela capital do Uruguai. Sobre cada cidade farei posts separados.