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O Superlinda pelo mundo afora – Polo Sul – Antartida

Quem escolhe os destinos de viagem?
Sem hesitação, Tainá responde apontando para a mãe. Melhor do que o “sem hesitação”, foi concluir que a jovem de 16 anos, usa e desfruta, sem abusar, as oportunidades de viagens frequentemente lhe oferecidas.
 
Maria Heloisa Cavalcante se diz uma obstinada pela medicina desde criança. Se formou em 1982 com objetivos definidos em relação a vida profissional e conquistas pessoais. Um perfil racional quebrado com a doçura da chegada da pequena e linda menina de cabelos naturalmente cacheados.
 
Desde então as duas dividem o tempo entre as atividades obrigatórias do dia a dia de cada uma e o prazer em viajar. A última para a Antártida, foi uma verdadeira aventura, totalmente diferente das outras.
 
Dos lugares para onde já passeou, Maria Heloisa se confessa uma apaixonada pela Índia e Antártida. À primeira já foi duas vezes e ainda pretende voltar. Não esconde, também, a sua determinação em retornar à Antartida. Destinos de características antagônicas, mas que lhe tocam profundamente.
 
Na Antártida, comenta, sempre haverá algo de novo a ser visto porque “lá tudo se movimenta constantemente, fazendo de cada amanhecer, um amanhecer de paisagem diferente”. E, como exemplo, cita a recente descoberta da Ilha SIF. “há dois meses quando estivemos lá ela não tinha sido descoberta, embora não fizesse parte do roteiro por onde passamos”. Com entusiasmo fala do desejo de fazer o roteiro através das ilhas George motivada pelas lembranças da célebre história de sobrevivência da navegação, do Capitão Ernest Shackleton (1874-1922), transformada em filme.
 
O turismo no Polo Sul, até 30 anos atrás, era feito basicamente por cientistas ou organizações de pesquisa. Hoje é procurado por pessoas pelos mais diferentes interesses. Com elas estavam 41 tripulantes, dos quais 5 eram biólogos especializados nos temas antárticos e que as acompanhavam nas expedições por terra e mar explicando o que viam. “interagíamos o tempo inteiro trocando informações, diz Maria Heloisa.
 
Além da tripulação, haviam 81 passageiros de 29 nacionalidades. Eram empresários, fotógrafos e turistas comuns. A médica se expressa com prazer sobre a experiência única de conhecer lugares pouco explorados com opções de passeios entre pinguins, focas, baleias. “Um lugar inabitável, de muito gelo, icebergs de formas, tamanhos e cores diferentes. É o continente mais frio e seco do planeta, um ambiente inóspito mas de beleza inexplicável”, completa.
 
E segue detalhando a viagem: “O navio, antes usado apenas em expedições científicas, foi  adaptado para esse tipo de viagem de turismo. Nele havia um amplo salão de mídia, local para as reuniões, filmes, e aulas”. Comenta também que o pior momento da viagem foi durante a passagem de Drake considerado o pior mar do planeta. É o ponto de encontro entre os Oceanos Pacífico e Atlântico, quando enfrentaram ondas de até 5 metros. Mesmo com todas as medicações preventivas contra tonturas, náuseas, foi bastante sofrida.
 
Nas primeiras 12 horas, das trinta e seis horas iniciais da navegação, ela relata que ficaram deitadas sem se alimentar e sem se mexer porque tudo rodava. “As camas tinham proteções laterais para não rolarmos para o chão durante a noite”, detalha. Das cabines recebiam, pelo sistema interno de som, instruções para que permanecessem deitadas até se sentirem em condições de levantar e circular com segurança. Quando fosse possível teriam todas as orientações necessárias para a viagem.
 
Restabelecidas fisicamente tiveram treinamento especial, como: Operações nos Zodiacs (botes a motor utilizados para os desembarques), vestimentas, condutas de salvamento, sobre a vida dos pinguins, das baleias, descidas do navio para passeios no gelado solo antártico. Este último, apenas para incursões rápidas.
 
Além das orientações de sobrevivência, Maria Heloisa destaca a importância dada, por todos os passageiros, quando do repasse do Código de Conduta na Antártida.  Explicações detalhadas sobre a responsabilidade do visitante, saber ouvir e obedecer os guias. “Se um pinguim estivesse com filhote não podíamos no aproximar. Se um deles passasse no caminho, deveríamos parar e esperar ele atravessar. Era necessário movimentar-se devagar e com cuidado preservando o sossego dos animais ao nosso redor”, conta. Instruções rigorosas para que dentro do possível não houvesse interferência ou que não percebessem a presença dos estranhos no  habitat deles.
 
A Alimentação no barco era variada e as refeições feitas em mesas e cadeiras fixadas no chão. No início havia mais oferta de verduras e legumes frescos. No decorrer, esses passaram ser servidos de forma cozida e mais ao final eram enlatados, a exemplo de milho e outros vegetais. Enquanto as frutas havia em abundância. “Abacaxis, maçãs, bananas, nêsperas, todas de ótima qualidade e sabor. Eles cuidavam muito para que nada nos faltasse e com refeições balanceadas”, completa.
 
Em toda viagem, antes do embarque, são necessários alguns cuidados. Nesta, a atenção de Maria Heloisa foi voltada às vestimentas adequadas para as temperaturas abaixo de zero e medicação. “Em relação as roupas, como já tínhamos feito viagens a lugares de temperaturas muito baixas, soubemos nos preparar e não passamos frio e dentro do navio a temperatura era climatizada”, e acrescenta: “Quanto à saúde, mesmo sabendo que no barco teríamos médicos e suporte, levei medicamentos específicos para o nosso organismo, meu e de minha filha”.
 
Sobre pesquisas antecipadas de assuntos das viagens que realiza, a médica diz que naturalmente leu sobre a Antártida e sobre o trajeto que fariam, mas confessa: “Prefiro não me aprofundar muito em estudos sobre os destinos para aonde vamos e sentir aquilo que o inusitado vai trazendo dia a dia”.

O que era um simples post de amigos que fazem do SuperLinda também um blog de viagem, transformou-se quase em uma reportagem. Maria Heloisa contou, em detalhes, esta viagem em seu perfil do Facebook. 

Acompanhei, li e a convidei para uma conversa dada a peculiaridade do destino e me confesso encantada por tudo o que ouvi. Diante de tantas particularidades, minúcias descritas por datas, local por local, incluindo horários, repasso abaixo alguns trechos e os links das  postagens onde é possível ver mais fotos e vídeos.

Fotos do arquivo pessoal de Maria Heloisa Cavalcante
Seu blog dá acesso ao deficiente visual?    Fotos legendas para acessibilidade do deficiente visual. #pracegover


Às 15 h de 31/01 nos arrumamos a caráter para desembarque na Ilha Paulet, circular, de 1,6 km de diâmetro, com um cone vulcânico de 350 m, sendo formada de lava. Existe aí uma colônia de mais de 200.000 pinguins Adélia, gaivotas, palomas brancas, e petréis, entre outros. Existe também uma sepultura de um membro da expedição do naufrágio do capitão Carl A. Larsen.
Ilha Paulet com milhares de pinguins Adéilia e pessoas da viagem
 
Tainá com roupas próprias para o frio no retorno ao navio após conhecer a Ilha Paulet. Ao fundo geleiras e pinguins.
Deception Island é um vulcão ativo, cuja última erupção foi em 1970, e que fez uma passagem estreita numa dessas erupções chamada Fole de Netuno tendo à sua direita a montanha Sentinela. A Ilha está coberta por glaciares. Existe a Baía Foster na qual desembarcamos cuja temperatura é uns 3 graus mais quente e por isso solta vapores. Existe uma base chilena com instrumentos para controle sísmico mas desabitada, uma base argentina e uma espanhola, que funcionam apenas no verão.
Como na Antártida anoitecia a partir das 23 horas, fomos fazer um passeio muito irado lá pelas 19h do dia 02/02 para conhecer a Ilha da Despedida e suas escavações naturais. Repleta de esculturas desenhadas pelo tempo, glaciares (alguns esverdeados por estarem repletos de algas), colônias de petréis, pinguins, rochas furta-cores por possuírem cobre em sua composição e um oceano salpicado de um animal primitivo chamado Salpa que serve de alimento a animais maiores, porém sem o teor nutritivo do krill. Foi simplesmente emocionante!
Dentro dos botes atravessando um estreito na Ilha da Despedida (Cuverville Island)

No 04/02 de manhã o sol acordara com toda sua energia enchendo de brilho a natureza, e lá fomos nós conhecer as belas Orne Islands, encontrando como anfitriões uma alegre colônia de pinguins Chinstrap e 2 jovens lobos peleteros antárticos escarrapachados ao sol. Manhã memorável!!


A caminho do próximo destino fomos presenteados com o aparecimento de um casal de baleias jubarte alimentando-se de krill com seu filhote… nas águas cristalinas conseguimos ver seu papo e nadadeiras brancas … um momento de encantamento para todos no barco !! Vídeos no link
Encerrando com chave de ouro o 04/02 pegamos nossos Zodiacs e fomos passear pelas Ilhas Melchior, baixas, estreitas, repletas de canais, e por isso denominadas “Veneza da Antártica”. Avistamos baleias, lobos marinhos, centenas da aves, e de longe a entrada do mar de Drake que começaríamos a atravessar naquela noite”.

Maria Heloisa e Tainá usando roupas para o frio no deck do navio


Vista panorâmica da proa do navio e pessoas circulando no deck atravessando o calmo e belo Active Sound

Base Argentina
Salão de reuniões a bordo do semi quebra-gelos Ushuaia.
Vista panorâmica de Ushuaia, Argentina. Mar, construções residencias e montanhas ao fundo.

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