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Pare na barraca “Espetos da Rose”

Rose é dona da barraca “Espetos da Rose”, a mais conhecida às margens da BR-364 no alto da Serra de São Vicente, em frente à Escola Agrícola Federal de Cuiabá (MT). A casa onde Rose mora está como que protegida pela igrejinha vista pela janela dos fundos de dentro da barraca. 
 
Ela tem 30 anos, três filhos homens: o mais velho com 14 e o mais moço com sete anos. Dois casamentos. De estatura baixa, cabelos negros, lisos e longos; sorridente, simpática e falante. Linda, jovem, com a espontaneidade de uma criamos. Muito jovem para tanta experiência de vida. Em pouco tempo de conversa, percebe-se que só com uma força desse tamanho é possível sobreviver a uma vida na beira da estrada. 
 
A barraca fica aberta 24 horas por dia. Serve desde café com pão, mortadela, linguiça, ovo frito, pão de queijo, salgadinho, cachorro-quente, até o famoso espetinho que, se quiser, pode comer acompanhado de arroz, feijão e aipim.
 
– Devo tudo o que tenho aos caminhoneiros que param aqui para comer, disse Rose, que completa: – E eles podem se servir à vontade. Quantas vezes quiserem.
 
A ajudante Neia diz que Rose quer que sempre tenha muita comida à disposição dos caminhoneiros.
 
– Não pode faltar nada. Cedo ela já deixou o molho do cachorro-quente pronto, só para colocar a salsicha e subiu pra casa. Foi fazer o serviço de lá.
 
Rose começou sua vida vendendo pamonha e pokan de carriola no meio do asfalto. Todos os dias ela era ameaçada de ser presa pela Polícia Rodoviária, que a mandava ir para o acostamento – no mesmo acostamento onde ela deixava o filho protegido sob um guarda-sol. Perguntada sobre o que é carriola ela respondeu: “Carrinho de construção”, apontando para um objeto também conhecido como carrinho de mão. Contou ainda que no final do seu primeiro dia de trabalho ganhou R$ 5 e andou 5 km até uma vendinha com o filho de seis meses no colo para comprar leite e Maizena para engrossar a mamadeira, e ainda ficou devendo R$ 1.
 
– Quase que o dono do mercadinho não me vendeu, achando que eu não ia voltar para pagar, disse Rose.
 
Falou com orgulho dos bens materiais que possui hoje. Resultado de 10 anos de muito trabalho. Mesmo assim, ainda hoje, acorda às 5h da manhã “para dar conta de tudo”.
 
– Nada funciona se eu não estiver de olho em cima, conclui ela entrando barraca adentro, mostrando tudo ao mesmo tempo em que falava e cumprimentava quem estava a se servir das delícias que vende.
 
Rose, uma pequena grande mulher.
 
 
 
 
 
                                        
                                     

 

 

 



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