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REPORTAGEM – VIAGEM EM GRUPO PODE TER UM FINAL FELIZ

-Como trabalho de final de semestre, vocês deverão fazer uma reportagem de no máximo 4000 palavras, diagramada, com linha fina, retranca e olho. 

Este foi o recado da professora, Wania Célia Bittencourt de Jornal Impresso, para os alunos da 3a fase de Jornalismo/Ielusc.

Pronta para embarcar em uma viagem, propus que fosse esse o assunto da pauta, e ela aceitou. Tratava-se de uma viagem em grupo. Decidi por fazer uma análise do comportamento dessas pessoas durante a jornada. 


Depois de escrita computei 9000 palavras. Desespero total. Lida, relida, corrigida, consegui reduzir para 6000. Reportagem pronta. Reportagem entregue. 

Agradeço as pessoas que me deram tanto conteúdo. Uma experiência que resultou em mudança de comportamento para mim mesma, que tanto preconceito tinha com este tipo de viagem.


Abaixo a minha primeira reportagem na íntegra.

Raquel Ramos dos Anjos – Jornalismo 3a Fase Ielusc

VIAGEM EM GRUPO PODE TER UM FINAL FELIZ

Entender o pensamento de pessoas que participam de viagem em grupo pode mudar a ideia preconceituosa que se tem sobre quem faz esse tipo de turismo

            Durante uma viagem, obrigatoriamente, você entra em contato com outras pessoas, tem que obedecer regras, horários, respeitar culturas. Dentro desses aspectos, o grande desafio são as viagens em grupo, conhecidas pelos compromissos com horários marcados e programas pré-agendados.


            De Joinville, em Santa Catarina, um grupo de 15 pessoas, com idade média de 65 anos, optou por fazer uma viagem em grupo durante 15 dias com destino à Europa. O roteiro previa a chegada em Amsterdã, na Holanda, terminando em Budapeste, na Hungria, incluindo 7 dias de navio pelo Rio Danúbio.  

Numa viagem como essa é possível observar o comportamento dessas pessoas. Em geral elas têm como perfil, gostar de fazer amizades, viajam em grupo por segurança, preferem ter tudo organizado, sem se preocupar com reservas de passagem ou hotel. A professora Marília Teixeira, 63, diz com bom humor, que prefere este tipo de viagem porque corre menos risco de se perder, tem alguém para trocar ideias, além de contar com algum amigo para vigiar as malas no aeroporto.

Mesmo os mais viajados, demonstram certa dependência em relação ao guia local. Na chegada ao aeroporto de Amsterdã, a primeira cidade a ser conhecida, Dierick Fred, um jovem holandês, já aguardava o grupo, dando boas vindas e falando um bom português aprendido em viagens ao Brasil.

– Ahhhh!!! – comemorou o grupo dizendo já é “quase um brasileiro”.

                       Na opinião da guia Carolina Tzelinki, da cidade de Praga, osbrasileiros, em sua grande maioria, viajam em grupo porque não falam inglês, mas observa que os japoneses falam inglês e mesmo assim só viajam em grupo.

– São diferenças culturais – acrescentou.

COMPORTAMENTO

Olhar para o viajante em grupo da mesma maneira como são olhados as pessoas que formam grupos de bike, grupos de trilhas na montanha, grupos de estudo, grupos corrida pode ser o caminho para compreender melhor os grupos de viagem. Em geral, ter a mesma faixa etária, interesses, nível cultural e econômico ajudam no bom relacionamento do grupo.

Quem viaja em grupo comumente ouve as instruções com atenção. Ainda assim, alguém sempre chega perto do guia e repete uma pergunta para se certificar do que foi dito. Há quem após ouvir as informações sobre o uso de metrô, pergunta se pode pegar “qualquer linha para chegar no hotel.”

Observa-se que, com o tempo, em viagens longas as panelinhas começam a se criar, entre elas a dos casais. Durante a viagem de navio, onde os lugares no restaurante são fixos, sentaram-se na mesma mesa. Nas saídas para passeio fora da programação, eles nunca saem sozinhos. Um casal sempre vai com outro casal. As mulheres sozinhas, sempre saem junto com uma ou mais mulheres. A psicóloga, especialista em terapia de casal, Arlete Correa, integrante do grupo, explicou que uma viagem é uma das tarefas indicadas quando um casal está em psicoterapia. Sair da rotina faz com que um enxergue melhor o outro. Mas alerta que neste caso, o indicado é uma viagem à dois. Na viagem em grupo, o ideal é que o casal esteja bem. Isto reforçará a união dos dois.

Algumas diferenças são notadas no comportamento das mulheres que viajam sozinhas em relação aos casais do grupo. Elas são mais agilizadas e falantes e a maioria já fez outras viagens. No mínimo, duas a mais do que os casais. Inge Wetzel Silva, que sempre viajava na companhia do marido, faz sua escolha por grupo de viagem “pela insegurança que o avanço da idade lhe traz”.

                        Também existem coincidências nas atitudes deles. Tanto os casais quanto as mulheres sozinhas dificilmente conversam com integrantes de outros grupos de viagem e aceitam cegamente as indicações dadas pelos guias. A sugestão, feita pela guia Carolina, em Praga, indicando o metrô para o retorno ao hotel por ter o custo menor do que de táxi, fez o grupo chegar mais tarde do que outros que fizeram o mesmo trajeto à pé. A bancária Luciene Costa, 58, contou no meio de muita risada:

_ Paramos numa estação errada.

                       

                        Experientes em viagens de grupo, garantem que não é só de horário marcado, visitas em museus e city tours que se constituem os passeios. Cada um tem a opção de escolher os programas que quer, além dos dias livres da programação.  Quem se predispõe à ir já sabe que é assim e vai porque gosta que seja assim. Uma viagem em grupo pode lhe fazer feliz .

RUTE FISCHER, 86, viaja na maior idade.

                 Entre os viajantes havia uma senhora de 86 anos acompanhada da filha. Para facilitar a locomoção dificultada pela idade avançada, ela era conduzida em uma cadeira de rodas. No check in, Rute aguardava fora da fila e conversou com a repórter. Perguntada se conhecia a Europa, respondeu com ar soberano:

-Simmm. Algumas vezes. Já morei na Alemanha, na época da guerra.

                        Na sequência contou fatos da sua vida incluindo que passou fome. Veio para o Brasil com 15 anos fugindo da escassez da guerra. Se formou florista. Na Alemanha para ter profissão como a sua, de pedreiro, de pintor de parede, é exigido curso técnico até hoje. Incentivada pela filha Maisa, está indo na viagem, para conhecer o Jardim das Tulipas em Amsterdã, o Keukenhof. Disse que essa é sua última viagem:

_Agora quero só ficar na minha casa bordando e lendo meus livros em alemão.

                        Rute faz bordado em ponto cruz e olhou como que insultada, quando perguntada se bordava com pano riscado.

_Nãoo nãoo! É tudo por receita contado ponto a ponto.

                        Durante a viagem, para seu conforto, a ela optou pelos programas matutinos descansando à tarde. Mulher inteligente e culta, mostrava-se incomodada apenas quando os amigos precisavam ajudar a filha à empurrar sua cadeira de roda.

                       

OLHO

                                Experientes em viagens de grupo, quem participa diz que não é só de horário marcado, visitas em museus e city tours que se constituem os passeios.  Cada um tem a opção de escolher os programas que quer, além dos dias livres da programação.

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