Ter 60 anos significa cair na real, para o seu próprio bem. Acima de qualquer coisa é preciso assumir. A denominação “melhor idade” é um pano quente politicamente correto que jogam por cima da população sessentona, e dar à ela um certo conforto àquilo que posso chamar de a “pior fase”. Sim, porque é a reta para uma fase cheia de dificuldades e limitações. Qualquer um que tenha um idoso em casa conhece esta realidade.
Mas viver bem e aproveitar esta idade. É a melhor opção que você deve dar a si mesma. Não é por ter feito 60 anos que as pessoas são felizes ou não, sadias ou doentes, com ou sem equilíbrio emocional. O bem estar com a sua própria vida independe de idade. Este é um depoimento pessoal, onde relato as minhas experiências e como lido com elas.
Sem escolha, nesta idade, você é separada, por uma linha imaginária para um mundo à parte. O lado dos que perderam a vida, seus prazeres, sejam eles afetivos e/ou sexuais. Inocentemente, marcamos 60 como um número querendo dizer que é onde e quando todos os problemas iniciam. As pessoas não se dão conta de que tudo vem acontecendo aos poucos por toda a vida, se acentuando a partir dos 40, tornando-se evidente aos 50 e um marco aos 60.
Nesta “pior fase”, exercitei aquilo que chamo de “inverter meus pensamentos tornou-se a minha especialidade”. Portanto, não enfraqueça. Faça planos, crie expectativas de vida, e mais, se permita ter fantasias, ilusões e, porque não, utopias. Chegou o tempo em que é possível afirmar que não temos pressa, afinal temos a vida inteira pela frente.
Sem entusiasmo não é possível ter felicidade em idade nenhuma da existência de qualquer pessoa. Após os 60, isto é muito mais difícil de ser alcançado, mas é imprescindível. Pessoalmente, sinto que a incapacidade de realizar tarefas é o que mais traz desânimo na vida. Daí a necessidade de você continuar sendo capaz, ativa, realizadora.
A atividade física é a mais recomendada e em contrapartida a mais rejeitada pelas pessoas em qualquer idade, inclusive entre os jovens. Certo dia, meu orientador físico, me colocou para sentar e levantar sem apoio, num banco de altura mais baixa do que a de uma cadeira normal, nada mais do que exercício de agachamento. Enquanto executava o trabalho, achando a maior chatice, pensei: isto é o mínimo que tenho que ter capacidade, daqui a alguns anos, para deitar e levantar de uma cama, sentar e levantar de uma cadeira, entrar ou sair de um carro, e, sejamos mais realistas ainda, usar um banheiro.